- Oi – falei admirando-a.
Ela levantou o rosto com uma expressão mais ou menos de quem se perguntava: “O que esse idiota ta olhando?”. Sem ao menos perceber já estava a centímetros dela, agora veja o resultado dessa minha bela ação, além de ficar parecendo um idiota, ( o que realmente a expressão dela não negava...) eu cai.
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O legal de quando você acha que as coisas não podem ficar piores, elas ficam. Ser zoado pela escola inteira, com outras coisas tudo bem, mas agora por uma garota? Sai naquela tarde do refeitório ao meio de gritos realmente estúpidos de todos os tipos que você conseguir imaginar, além disso, consegui fazer um talho na minha mão esquerda. Que ótimo. A minha vida é ótima, acaba de ficar melhor ainda. Olá sarcasmo.
Estava no banheiro, com a torneira aberta no máximo, tentando estancar o sangue, quando Steven chegou.
- George?! George?! Se ta ai cara?
- Aqui. – Gritei.
- O que aconteceu com você no refeitório? – Disse Steven me encarando furiosamente. – Cara! Ta todo mundo falando da sua queda de louco. O que foi aquilo?
- Eu ia falar com Angeline, só que não deu muito certo, eu fiquei nervoso e... – Deixei minha voz morrer.
- E caiu no chão. – completou ele.
- Parabéns, você acertou. – Falei seco, desviando o olhar de Steven e repassando a cena da queda na minha mente, tentando ver de outro ângulo, para tentar me sentir melhor ou pior. Tanto faz. Eu sou um idiota e nada mais. Talvez até mais que isso.
Levantei o olhar para Steven que estava encostado na porta olhando para minha mão.
- George... – Chamou ele. – vai com calma. Ela não é qualquer uma.
- Sim, claro. Mas por que você está falando isso pra mim? Como sabe como ela é?
- Eu conversei com ela ontem. Angeline é colega de quarto de Cayle agora.
- Meu deus! Eu sou um idiota! – Olhei para cima para ter a sorte de um raio ou um milagre cair sobre minha cabeça.
- Olha, se você quiser eu posso te ajudar a conquistar ela... – Olhei para ele com os olhos molhados, já querendo chorar.
- Como? Aposto que Cayle já deve ter feito a minha caveira para ela. – disse, fechando a torneira.
- Falando bem de você... Bom... Refazendo sua caveira?! Mas primeiro seu estilo, sua aparência tem que melhorar, um pouco.
- O que tem meu estilo? – Perguntei olhando minha roupa e rosto no espelho á minha frente.
- Cara, você anda horrível e seu cabelo ta uma droga.
- O que?! Meu cabelo? – Olhei novamente no espelho, olhando meu cabelo liso caído sobre meus ombros e quase cobrindo meus olhos verdes, que agora estavam perdidos sobre meu reflexo. – Não sou tão bonito, mas nasci assim, não tem como reclamar do que Deus me deu.
- Você quer ficar com ela? – Perguntou Steven seguramente.
- Sim, mas...
- Então fique a altura dela! – Disse Steven me cortando e me puxou para fora do quarto. – Primeiro vamos à enfermaria, sua mão ta sangrando muito. Depois, vamos repaginar você.
- Esse “vamos” inclui mais alguém? – Perguntei já sabendo a resposta.
- Sim, Cayle. – Quem mais além daquele ser de outro planeta?
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Assim que eu e Steven saímos da enfermaria, fomos direto para o quarto de Cayle, e Steven me garantiu que Angeline não estaria lá.
- Oi amor! – Falou Cayle assim que abriu a porta – Eca! – Exclamou ela quando me viu.
- Oi pra você também, Cayle! – disse eu dando-lhe um sorriso de escárnio.
- O que isso esta fazendo aqui? – Perguntou ela olhando para Steven e apontando para mim.
- Olha, - Disse. – Eu lhe garanto que eu não queria estar no seu ninho de cobra. Mas não tenho escolha. – Entrei e me joguei no sofá.
- Steven? – Disse Cayle como se fosse explodir em questão de segundos (e como queria que ela explodisse, claro, depois que me ajudasse). Continou ela estridente – POR FAVOR! Tira esse PORCO daqui e leva pro chiqueiro!
- Querida, preciso da sua ajuda. – Falou Steven. – Eu e ele precisamos da sua ajuda, precisamos que você mude o visual dele.
- Essa coisa não tem mais jeito, tem que morrer e nascer de novo. – Disse Cayle.
- Olha eu ainda estou aqui. – Falei. – E me sinto ofendido.
- Mas ninguém te chamou aqui, por tanto cala a boca. – Disse Cayle me fulminando com o olhar.
- Steven, me segura que eu vou matar essa coisa de outro planeta não identificado que você chama de namorada. – Falei, me levantando.
- Calma ai! – Disse Steven. – Cayle, por favor! Colabora! E você também George.
- E o que eu ganho ajudando iss... O George? – Disse Cayle piscando com alegria para Steven.
- Que tal aquele vestido de seda que você queria para usar no baile?
- Perfeito. – Falou ela se virando e me lançado seu olhar de megera-loira-maligna e voltou a sua expressão de nojo de sempre.
- Hmmmm... Por onde começar? – Falou ela – Acho que pela roupa... – Continuou ela tagarelando, mas não prestei muita atenção, apronfundei-me nos meus próprios dilemas por que, primeiro: ouvir Cayle falar me dava nos nervos. Segundo: Sofreria nas mãos delas.