segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Auréola Negra. Capitulo 4 - Detenção.


Voltei para o meu quarto relembrando as ultimas palavras de Angeline, tinha duas perguntas em mente: Odia-lá? Ama-lá? E eu não me considerava um ser anormal, nem tanto, digamos que sou anormal o bastante para ama-lá ainda assim, depois disso. Mas por que ela já me odiava tanto assim? Gostaria de saber a resposta para isso por que eu também queria odia-lá, mas eu não conseguia. Essas perguntas rodopiaram em meu sono e na manhã seguinte. O tempo passou rápido. Quando percebi, já era de manhã e eu tinha dois tempos de biologia para enfrentar. Esperei até que Steven saísse do banheiro, estou sendo mais cuidadoso nessas questões de abrir a porta e ver algo que eu não quero ver nem ouvir. Coisas que só vem de Steven, claro.
- Cara, não fica assim. – disse Steven assim que saiu do banheiro e viu algo no meu rosto que me denunciava. - Mas já que você ta assim tenho que ser verdadeiro, você ta um lixo. Passou a noite suspirando por ela? –Continuou Steven recolhendo seus livros que estavam espalhados no chão.
- Quase isso, na verdade passei a noite remoendo essa coisa toda de ódio... Essa raiva toda que ela já tem de mim. E é mais o seu estilo passar a noite suspirando. – Corri para o banheiro sem esperar a resposta ou um soco.
Quando sai do banheiro Steven não estava mais no quarto, uma quase resposta a minha resposta idiota. E assim o dia passou em branco e como o resto das três semanas. E eu ainda não conseguia parar de pensar em Angeline.



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Tudo passa indistinto quando você esta absorto, quase tudo passa, esqueceram de citar como se faz para o amor passar. Meus pensamentos eram envoltos em Angeline e isso piorava quando á via nos corredores do internato, nada passava de troca de olhares. Ela sorria de um modo angelical e ás vezes me doía por que esses sorrisos não eram para mim. Meu absorvimento foi interrompido quando na ultima aula do dia fui chamado á diretoria pela inspetora Lara.
Chegando a diretoria tive que esperar sob olhar surpevisor de Lara, pelo meu estado das ultimas semanas eu tinha mais do que absoluta certeza que não havia feito nada de errado, mas esse internato era feito de loucos, e você nunca sabe o que esperar de gente louca.
- George, entre, por favor. – Disse a diretora, ela se chama Drianna, baixa, gorda e louca. – Obrigado Lara, pode ir. – Esperei minha acusação. – Como vai George? – Acredite, eu não esperava por essa.
- Muito bem. – Falei automaticamente.
- Não parece. Sua média ultimamente tem estado um pouco baixa em três matérias, aconteceu alguma coisa? – Perguntou a diretora Drianna esticando os braços e entrelaçando as mãos na mesa me olhando com o máximo de atenção.
- Não, não aconteceu nada. – Será que as paredes dessa escola tinham ouvidos ou olhos?
- Tudo bem, eu sei que você esta mentindo eu falei com seu colega de quarto, Steven, ele me contou que você não vai bem, ele não quis me contar nada sobre o que esta causando esse estado, mas me falou que você não fala direito com ele, não come, não dorme...
- Olha eu não tenho a obrigação de falar o que acontece comigo para ninguém. – interrompi-a rudemente sem pensar nas conseqüências.

- Eu sei, mas se você quiser conversar com alguém temos a nossa psicóloga. – Disse ela apertando os olhos.
- Eu não sou louco, essa escola é que me deixa louco, todos são loucos aqui, eu sou muito normal, agora se você não acha isso por que perdi minha mãe aos 10 anos de idade e fiquei com um algum tipo de transtorno e me meti em problemas arrumando brigas de rua, chutando tudo o que via pela frente e parando aqui por não ter opção por ser mandado por uma ordem judicial e não ter ninguém no mundo ou ter um irmão estúpido que não me quer, sinto muito, mas eu poderia ser algo muito pior do que muitos alunos daqui. Eu posso resolver meu problema sozinho.
- Desculpe-me, eu só quero te ajudar e...
- Não, você queria se intrometer onde não deve, num chão mimado, sim você estourou uma bomba. Eu não quero falar com porcaria de psicóloga nenhuma. Não preciso que ninguém mais saiba da desgraça que é minha vida, já estou satisfeito em eu mesmo saber. – Se eu ao menos lembrasse direito de algo na minha vida... - Posso ir?
- Claro, você terá detenções á partir de amanhã. – Ótimo, tudo que eu precisava.
- Ótima, agradeço que você tenha sido inteligente o suficiente para entender o meu recado. – Isso resultou em mais duas semanas de detenção.


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Cheguei à sala de detenção com 10 minutos de antecedência e não fiquei muito impressionado por estar vazia, os que mereciam estar aqui quase nunca estavam. Sentei na primeira cadeira que vi á minha frente, coloquei o capuz da minha blusa e abaixei a cabeça, escondendo meu rosto por completo até que a porta rangeu, não podia ser o professor, eles costumavam chegar atrasado, (não que eu freqüentasse a detenção muito só foram duas ou três vezes nesse ano...) não deveria ter nem 5 minutos direito que entrei na sala, era fato que eu teria companhia. Ouvi passos irritados e alguma coisa ser jogada no chão, levantei a cabeça e olhei em volta, até que localizei o motivo de eu estar aqui, agora, Angeline.
Ela estava linda como sempre, mas com um toque de irritação em sua feição, ela estava encarando algo a sua frente quando virou o rosto e nossos olhares se encontraram. Seus olhos de um azul como o mar estavam enfrentando uma tempestade e eu queria de algum modo fazer parte dessa tempestade como ela tinha haver com a minha.
- Ah! Eu não acredito! Logo você! – Disse Angeline quando virei meu rosto.
- Acho que não queria estar aqui tanto quanto você, então se contente com a minha companhia poderia estar alguém muito pior aqui. – Esse nosso novo atrito só fez a tensão no ar ficar mais pesada. Ela estava sentada na ultima cadeira do outro lado da sala, bem longe de mim, eu queria saber o que ela estava pensando, como estava seu rosto depois da minha resposta, antes que eu caísse na tentação de virar o rosto o professor que ficaria hoje na detenção entrou.
- Olá! – Disse o professor de filosofia, Santiago, ele era insano. – As regras são o seguinte nada de falar, nada de ouvir musica, nada de gritar, espernear ou reclamar, reflitam sobre seus erros, vou estar na sala ao lado e estarei de olho. – Tradução disso tudo: Nada de gracinhas.
- Ótimo! – Falou Angeline depois que o professor saiu e eu me virei.
- Perdeu alguma coisa aqui? – Perguntou Angeline.
- Sim, você. – Essas palavras deixaram seu gosto amargo depois que as disse. Ela abaixou os olhos, um vermelho lindo ia se formando em suas bochechas. – Me desculpe esta bem? Não devia ter falado desse jeito aqui e naquele dia... – Deixei minha voz morrer, ela demorou a responder e quando respondeu não foi a melhor coisa que quis ouvir.
- Não. – Disse ela. – Não te desculpo.
- Por quê? – Falei perplexo.
 - Por que você é um idiota, mal-educado, sem coração, sem emoção...
- Como assim? Sem emoção e coração? – Cruzei a sala em alguns passos. – Você não sabe o que diz. Você sabe como é difícil te amar? Não conseguir tirar você da cabeça? Pensar em você por noites inteiras, dias... E parar aqui por sua culpa? Você só pensa em você? O que você tem na cabeça? Qual direito você tem de pensar isso sobre mim? – disparei perguntas e verdades e ela sem pensar, eu mal percebi que ela queria chorar.
- Eu não penso só em mim. – Disse ela. – Eu... Também penso em você, seu grande idiota! – Disse ela quebrando e deixando morrer a voz em meio à frase.
- Pensa o que? – perguntei.
- Isso pode soar... Bom, que eu amo você ou isso ou é loucura mesmo. E por um garoto tão...  – Sem pensar a puxei da cadeira envolvendo meus braços em sua cintura e em poucos segundos nossos lábios se encontraram, numa sintonia perfeita. E lá me perdi.
Certezas não vem tão cedo e nem tão tarde, elas vem na hora certa. E essa certeza que eu tinha agora era que, ela foi feita para mim e eu para ela, eu a amava.

~x~X~x~
Nota: Leitores, desculpem o atraso da postagem desse capitulo, imprevistos acontecem quando você menos espera. Agora começo de férias e todos querem descansar... E essas coisas de curtir as férias, vocês sabem. :)
As vezes as férias tem seu lado ruim... Bom, vou direto ao ponto, entraremos em recesso aqui no blog também, dia 24 de janeiro de 2011 voltaremos a postar os próximos capitulos, regularmente e faremos o máximo possivel que saia de dois em dois dias na semana, sem atrasos! Aproveitem suas férias, um feliz natal e um próspero ano novo, desejamos o melhor a todos para esse 2011! Que como sempre, nossos desejos se realizem e que ganhemos muitos presentes HAHA!

See ya minha gente! Alana, Bianca e Érika, xx.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Auréola Negra. Capitulo 3 - Ela me odeia!

Quando saí do quarto de Cayle me sentia estupidamente diferente. Não estava confortável naquelas roupas e sentia falta do meu cabelo, mas o pior era, eu ainda não havia me olhado no espelho.
- Geoge, você ta muito diferente! – falou Steven. – Se eu fosse gay te pegava.
- Deixa eu me olhar no espelho pra ver a droga que a Cayle fez? – Retruquei.
- Relaxa mano. – Disse Steven.
Chegamos ao corredor do nosso dormitório, corri até a porta e entrei no quarto, Steven vinha na minha cola.
- Calma, feche os olhos! – Disse Steven, vindo colocar as mãos nos meus olhos e se certificar de que eu fechasse. Fui mais rápido, antes dele colocar as mãos nos meus olhos já estava correndo de novo em direção ao banheiro.
- Deixa de boiolagem Steven! – Disse. Assim que parei de frente para o espelho me assustei com o que vi. Tentei reconhecer o cara bonito que refletia no espelho. Onde deveria estar minha imagem não a desse cara de capa de revista. O homem que na verdade era eu, meu reflexo, não era bonito, era lindo, olhos verdes, pele clara, dentes branco, cabelos tão negros que seu reflexo sobre a luz do banheiro parecia um azul... Seu corpo, forte e esguio, natural, realmente bonito.
Eu vestia uma simples camiseta preta, relativamente apertada, com uma jaqueta de couro também preta, estava com uma calça escura e tênis converse. Meu cabelo e suas mechas longas desapareceram, agora dava lugar a um moicano disfarçado.
- To falando! Se fosse gay já tinha te pegado! – Disse Steven interrompendo meu devaneio e perplexidade.
- Cala boca Steven, eu já entendi. Eu agora... Tenho certeza de como estou, “tudo isso” para você estar falando tamanha asneira. Agora pulando isso, sim realmente estou gostoso e fim. – Disse eu.
- Ta deixa de besteira cara, se ta todo bonitão aí, mas vê se não sobe muito pra cabeça essa gostosura toda, mantenha o seu cérebro funcionando. As garotas vão cair em cima de você! Mas agora, você tem que pensar em como falar com a Angeline, já tem ideia de como?
- Amanhã vou pedir desculpas por toda aquela cena do refeitório. – Disse ainda pensando em como falar e a ocasião perfeita.
- Bom começo, mas você tem que falar algo que mexa com ela tipo: “Oi, meu nome é Arlindo, mas só me chama de lindo, por que o ar você já me tirou.”. E ai gostou? – Perguntou Steven
- É bem capaz de ela falar que prefere ficar sem respirar a tirar meu ar. – E eu e George fomos dormir rindo como dois imbecis.
Na manhã seguinte não estava me sentindo com tanta vontade de rir como a noite anterior, estava mais nervoso do que nunca. Queria ver ela logo, então sai mais cedo do meu quarto e fui para a aula de história, fui o primeiro a chegar, ganhei muitos olhares e cochichos de quem quer que entrasse na sala, isso principalmente das meninas. Observei a sala ir se enchendo aos poucos e tentei pensar com mais coerência. Até que percebi uma menina ou parecida com isso vindo na minha direção.
- Ei, você é um gatinho. – Disse a garota estranha. Olhei-a com mais precisão, sua voz era rouca, ela era ele. – Então, você é novo aqui? – Perguntou ele, ela, SEI LÁ! – Oi? Alguém ai? – Disse ele/ela/sei lá, alto, magro e ruivo com uma maquiagem de dar medo, mas ao mesmo tempo engraçada.
- Sim, infelizmente. – Murmurei à meia-voz.
- Oque? – Perguntou, ela/ele/sei lá.
- Nada. – Disse.
- Então... Você é novo por aqui? – Perguntou ela/ele/sei lá de novo.
- Não, por quê?
- Minha amiga Cayle disse que você era novo. – Eu iria dar um belo chute naquela loira burra da Cayle.
- Você deveria ter amigas melhores do que aquele ser de outro planeta, ela é burra demais para absorver uma informação correta e a propósito seja lá o que ela falou de mim não acredite e eu também não jogo no mesmo time que você. Desculpe-me.
Ela me olhou, ou melhor, verificou-me de cima a baixo e falou:
- Eu posso mudar sua opinião. – Disse ela/ele/sei lá presunçosamente e com um toque de malicia.
- Não, obrigada. Estou muito bem com minha opção. – Falei virando o rosto.
-Não diga isso. – Quando voltei o rosto de novo, ela/ele/sei lá estava a centímetros do meu.
- Eu já disse que não quero. Dá pra da um fora? POR FAVOR? – Disse indo com a cadeira para trás.
- Grosso. – Falou ela/ele/sei lá indo para seu lugar. Graças a Deus.
Alguns minutos depois a professora entrou na sala e a aula começou.
Dois tempos depois de história, o sinal para o intervalo bateu, entrei no refeitório e olhei em direção a mesa em que ela sentava no ultimo dia que a vi, mas ela não estava lá. Passei meus olhos pelo refeitório e encontrei-a sentada na mesa mais olhada daquele refeitório.
Ela estava sentada na mesa dos populares. Segui em frente, peguei minha comida e fiz meu caminho normal para a mesa onde costumava sentar sem ninguém fazer piadinhas da minha queda, acho que ninguém me reconheceu, ainda, em vez disso recebia elogios, cantadas, olhares descarados e isso é realmente bem divertido.
Enquanto comia, maquinava um plano para a “emboscada de Angeline.”. O intervalo passou indistinto até que o sinal bateu, levantei observando a mesa dos populares, um a um eles iam se levantando, primeiro Caroline, uma loira morango, líder de torcida do internato que veio parar aqui por roubar bolsas em lojas caras, tantas passagens pela policia... Mas lhe deram desconto por ela ter algum tipo de distúrbio, ela não era uma das melhores, mas era bonitinha. Ela passou por mim me avaliando, bizarro. Logo suas outras amigas a seguiram, Brígida, Marie e Felipa. Só sei o nome delas por que seus escândalos são os principais assuntos do internato. Voltei a olhar a mesa, Angeline estava em volta de uma roda dos garotos populares, eles provavelmente dando atenção devida a “carne fresca”, claro. Esperei até eles saírem, e eu provavelmente chegaria atrasado a aula de literatura, sai andando e parei na porta, ela vinha andando, e ali saiu um plano de ultima hora, uma pequena trombada acidental. E saiu perfeitamente como planejado. Suas coisas caíram no chão. Nos abaixamos ao mesmo tempo para pegar suas coisas, peguei ela me olhando e retribui seu olhar, nos levantamos e tomei coragem.
- Oi. – Disse.
- Você deveria olhar para onde anda. – Disse ela e por essa eu não esperava.
- Acho que... – Antes mesmo de eu terminar ela já ia se virando, puxei-a pelo braço e continuei. – Sou educado com quem é educado comigo e nesse caso, você não foi nenhum pouco, então educação para você é um caso perdido. Eu só queria te pedir desculpas por aquele dia e acho que hoje também, mas parece que você não tem educação o bastante para entender um pedido de desculpas. – Disse eu percebendo o duplo sentido das minhas palavras, ela poderia tanto entender que a chamei de mal educada como também de burra. Agora já foi. Soltei seu braço e olhei em seus olhos, azuis como o céu.
- Não sou estranha o bastante para falar a sua língua, com – pre - en-de? – Disse ela dando ênfase a ultima palavra e me deixando sem reação. – Acho que não, seres anormais como você não compreendem. – E lá se foi ela andando pelo corredor.
Fiquei tentando entender por que ela já me odiava. Agora tenho outro dilema, sou um idiota apaixonado que não tem respostas sarcásticas, rápidas e plausíveis de se falar. Que tipo de roubada é essa que me meti? Pena que as respostas não chegam tão rápidas quanto sedex.