sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Auréola Negra. Capitulo 3 - Ela me odeia!

Quando saí do quarto de Cayle me sentia estupidamente diferente. Não estava confortável naquelas roupas e sentia falta do meu cabelo, mas o pior era, eu ainda não havia me olhado no espelho.
- Geoge, você ta muito diferente! – falou Steven. – Se eu fosse gay te pegava.
- Deixa eu me olhar no espelho pra ver a droga que a Cayle fez? – Retruquei.
- Relaxa mano. – Disse Steven.
Chegamos ao corredor do nosso dormitório, corri até a porta e entrei no quarto, Steven vinha na minha cola.
- Calma, feche os olhos! – Disse Steven, vindo colocar as mãos nos meus olhos e se certificar de que eu fechasse. Fui mais rápido, antes dele colocar as mãos nos meus olhos já estava correndo de novo em direção ao banheiro.
- Deixa de boiolagem Steven! – Disse. Assim que parei de frente para o espelho me assustei com o que vi. Tentei reconhecer o cara bonito que refletia no espelho. Onde deveria estar minha imagem não a desse cara de capa de revista. O homem que na verdade era eu, meu reflexo, não era bonito, era lindo, olhos verdes, pele clara, dentes branco, cabelos tão negros que seu reflexo sobre a luz do banheiro parecia um azul... Seu corpo, forte e esguio, natural, realmente bonito.
Eu vestia uma simples camiseta preta, relativamente apertada, com uma jaqueta de couro também preta, estava com uma calça escura e tênis converse. Meu cabelo e suas mechas longas desapareceram, agora dava lugar a um moicano disfarçado.
- To falando! Se fosse gay já tinha te pegado! – Disse Steven interrompendo meu devaneio e perplexidade.
- Cala boca Steven, eu já entendi. Eu agora... Tenho certeza de como estou, “tudo isso” para você estar falando tamanha asneira. Agora pulando isso, sim realmente estou gostoso e fim. – Disse eu.
- Ta deixa de besteira cara, se ta todo bonitão aí, mas vê se não sobe muito pra cabeça essa gostosura toda, mantenha o seu cérebro funcionando. As garotas vão cair em cima de você! Mas agora, você tem que pensar em como falar com a Angeline, já tem ideia de como?
- Amanhã vou pedir desculpas por toda aquela cena do refeitório. – Disse ainda pensando em como falar e a ocasião perfeita.
- Bom começo, mas você tem que falar algo que mexa com ela tipo: “Oi, meu nome é Arlindo, mas só me chama de lindo, por que o ar você já me tirou.”. E ai gostou? – Perguntou Steven
- É bem capaz de ela falar que prefere ficar sem respirar a tirar meu ar. – E eu e George fomos dormir rindo como dois imbecis.
Na manhã seguinte não estava me sentindo com tanta vontade de rir como a noite anterior, estava mais nervoso do que nunca. Queria ver ela logo, então sai mais cedo do meu quarto e fui para a aula de história, fui o primeiro a chegar, ganhei muitos olhares e cochichos de quem quer que entrasse na sala, isso principalmente das meninas. Observei a sala ir se enchendo aos poucos e tentei pensar com mais coerência. Até que percebi uma menina ou parecida com isso vindo na minha direção.
- Ei, você é um gatinho. – Disse a garota estranha. Olhei-a com mais precisão, sua voz era rouca, ela era ele. – Então, você é novo aqui? – Perguntou ele, ela, SEI LÁ! – Oi? Alguém ai? – Disse ele/ela/sei lá, alto, magro e ruivo com uma maquiagem de dar medo, mas ao mesmo tempo engraçada.
- Sim, infelizmente. – Murmurei à meia-voz.
- Oque? – Perguntou, ela/ele/sei lá.
- Nada. – Disse.
- Então... Você é novo por aqui? – Perguntou ela/ele/sei lá de novo.
- Não, por quê?
- Minha amiga Cayle disse que você era novo. – Eu iria dar um belo chute naquela loira burra da Cayle.
- Você deveria ter amigas melhores do que aquele ser de outro planeta, ela é burra demais para absorver uma informação correta e a propósito seja lá o que ela falou de mim não acredite e eu também não jogo no mesmo time que você. Desculpe-me.
Ela me olhou, ou melhor, verificou-me de cima a baixo e falou:
- Eu posso mudar sua opinião. – Disse ela/ele/sei lá presunçosamente e com um toque de malicia.
- Não, obrigada. Estou muito bem com minha opção. – Falei virando o rosto.
-Não diga isso. – Quando voltei o rosto de novo, ela/ele/sei lá estava a centímetros do meu.
- Eu já disse que não quero. Dá pra da um fora? POR FAVOR? – Disse indo com a cadeira para trás.
- Grosso. – Falou ela/ele/sei lá indo para seu lugar. Graças a Deus.
Alguns minutos depois a professora entrou na sala e a aula começou.
Dois tempos depois de história, o sinal para o intervalo bateu, entrei no refeitório e olhei em direção a mesa em que ela sentava no ultimo dia que a vi, mas ela não estava lá. Passei meus olhos pelo refeitório e encontrei-a sentada na mesa mais olhada daquele refeitório.
Ela estava sentada na mesa dos populares. Segui em frente, peguei minha comida e fiz meu caminho normal para a mesa onde costumava sentar sem ninguém fazer piadinhas da minha queda, acho que ninguém me reconheceu, ainda, em vez disso recebia elogios, cantadas, olhares descarados e isso é realmente bem divertido.
Enquanto comia, maquinava um plano para a “emboscada de Angeline.”. O intervalo passou indistinto até que o sinal bateu, levantei observando a mesa dos populares, um a um eles iam se levantando, primeiro Caroline, uma loira morango, líder de torcida do internato que veio parar aqui por roubar bolsas em lojas caras, tantas passagens pela policia... Mas lhe deram desconto por ela ter algum tipo de distúrbio, ela não era uma das melhores, mas era bonitinha. Ela passou por mim me avaliando, bizarro. Logo suas outras amigas a seguiram, Brígida, Marie e Felipa. Só sei o nome delas por que seus escândalos são os principais assuntos do internato. Voltei a olhar a mesa, Angeline estava em volta de uma roda dos garotos populares, eles provavelmente dando atenção devida a “carne fresca”, claro. Esperei até eles saírem, e eu provavelmente chegaria atrasado a aula de literatura, sai andando e parei na porta, ela vinha andando, e ali saiu um plano de ultima hora, uma pequena trombada acidental. E saiu perfeitamente como planejado. Suas coisas caíram no chão. Nos abaixamos ao mesmo tempo para pegar suas coisas, peguei ela me olhando e retribui seu olhar, nos levantamos e tomei coragem.
- Oi. – Disse.
- Você deveria olhar para onde anda. – Disse ela e por essa eu não esperava.
- Acho que... – Antes mesmo de eu terminar ela já ia se virando, puxei-a pelo braço e continuei. – Sou educado com quem é educado comigo e nesse caso, você não foi nenhum pouco, então educação para você é um caso perdido. Eu só queria te pedir desculpas por aquele dia e acho que hoje também, mas parece que você não tem educação o bastante para entender um pedido de desculpas. – Disse eu percebendo o duplo sentido das minhas palavras, ela poderia tanto entender que a chamei de mal educada como também de burra. Agora já foi. Soltei seu braço e olhei em seus olhos, azuis como o céu.
- Não sou estranha o bastante para falar a sua língua, com – pre - en-de? – Disse ela dando ênfase a ultima palavra e me deixando sem reação. – Acho que não, seres anormais como você não compreendem. – E lá se foi ela andando pelo corredor.
Fiquei tentando entender por que ela já me odiava. Agora tenho outro dilema, sou um idiota apaixonado que não tem respostas sarcásticas, rápidas e plausíveis de se falar. Que tipo de roubada é essa que me meti? Pena que as respostas não chegam tão rápidas quanto sedex.

3 comentários:

  1. =/...nossa o George não tem sorte mesmo!
    Qdo ele tenta fazer algo certo,sempre quebra a cara...own dozinha...adorando...

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  2. Amei mas o George precisa de mais sorte será que ele não vai conseguir nem dar um beijo em sua amada?
    Acredito que sim

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  3. -ai ai
    .ta cada vez + foda
    Esse George e burro d+

    espero o 4º capítulo e meu exemplar

    uahhauhuhas

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