segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Auréola Negra. Capitulo 4 - Detenção.


Voltei para o meu quarto relembrando as ultimas palavras de Angeline, tinha duas perguntas em mente: Odia-lá? Ama-lá? E eu não me considerava um ser anormal, nem tanto, digamos que sou anormal o bastante para ama-lá ainda assim, depois disso. Mas por que ela já me odiava tanto assim? Gostaria de saber a resposta para isso por que eu também queria odia-lá, mas eu não conseguia. Essas perguntas rodopiaram em meu sono e na manhã seguinte. O tempo passou rápido. Quando percebi, já era de manhã e eu tinha dois tempos de biologia para enfrentar. Esperei até que Steven saísse do banheiro, estou sendo mais cuidadoso nessas questões de abrir a porta e ver algo que eu não quero ver nem ouvir. Coisas que só vem de Steven, claro.
- Cara, não fica assim. – disse Steven assim que saiu do banheiro e viu algo no meu rosto que me denunciava. - Mas já que você ta assim tenho que ser verdadeiro, você ta um lixo. Passou a noite suspirando por ela? –Continuou Steven recolhendo seus livros que estavam espalhados no chão.
- Quase isso, na verdade passei a noite remoendo essa coisa toda de ódio... Essa raiva toda que ela já tem de mim. E é mais o seu estilo passar a noite suspirando. – Corri para o banheiro sem esperar a resposta ou um soco.
Quando sai do banheiro Steven não estava mais no quarto, uma quase resposta a minha resposta idiota. E assim o dia passou em branco e como o resto das três semanas. E eu ainda não conseguia parar de pensar em Angeline.



                                        -*-*-*-*-*-*-*-*-

Tudo passa indistinto quando você esta absorto, quase tudo passa, esqueceram de citar como se faz para o amor passar. Meus pensamentos eram envoltos em Angeline e isso piorava quando á via nos corredores do internato, nada passava de troca de olhares. Ela sorria de um modo angelical e ás vezes me doía por que esses sorrisos não eram para mim. Meu absorvimento foi interrompido quando na ultima aula do dia fui chamado á diretoria pela inspetora Lara.
Chegando a diretoria tive que esperar sob olhar surpevisor de Lara, pelo meu estado das ultimas semanas eu tinha mais do que absoluta certeza que não havia feito nada de errado, mas esse internato era feito de loucos, e você nunca sabe o que esperar de gente louca.
- George, entre, por favor. – Disse a diretora, ela se chama Drianna, baixa, gorda e louca. – Obrigado Lara, pode ir. – Esperei minha acusação. – Como vai George? – Acredite, eu não esperava por essa.
- Muito bem. – Falei automaticamente.
- Não parece. Sua média ultimamente tem estado um pouco baixa em três matérias, aconteceu alguma coisa? – Perguntou a diretora Drianna esticando os braços e entrelaçando as mãos na mesa me olhando com o máximo de atenção.
- Não, não aconteceu nada. – Será que as paredes dessa escola tinham ouvidos ou olhos?
- Tudo bem, eu sei que você esta mentindo eu falei com seu colega de quarto, Steven, ele me contou que você não vai bem, ele não quis me contar nada sobre o que esta causando esse estado, mas me falou que você não fala direito com ele, não come, não dorme...
- Olha eu não tenho a obrigação de falar o que acontece comigo para ninguém. – interrompi-a rudemente sem pensar nas conseqüências.

- Eu sei, mas se você quiser conversar com alguém temos a nossa psicóloga. – Disse ela apertando os olhos.
- Eu não sou louco, essa escola é que me deixa louco, todos são loucos aqui, eu sou muito normal, agora se você não acha isso por que perdi minha mãe aos 10 anos de idade e fiquei com um algum tipo de transtorno e me meti em problemas arrumando brigas de rua, chutando tudo o que via pela frente e parando aqui por não ter opção por ser mandado por uma ordem judicial e não ter ninguém no mundo ou ter um irmão estúpido que não me quer, sinto muito, mas eu poderia ser algo muito pior do que muitos alunos daqui. Eu posso resolver meu problema sozinho.
- Desculpe-me, eu só quero te ajudar e...
- Não, você queria se intrometer onde não deve, num chão mimado, sim você estourou uma bomba. Eu não quero falar com porcaria de psicóloga nenhuma. Não preciso que ninguém mais saiba da desgraça que é minha vida, já estou satisfeito em eu mesmo saber. – Se eu ao menos lembrasse direito de algo na minha vida... - Posso ir?
- Claro, você terá detenções á partir de amanhã. – Ótimo, tudo que eu precisava.
- Ótima, agradeço que você tenha sido inteligente o suficiente para entender o meu recado. – Isso resultou em mais duas semanas de detenção.


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Cheguei à sala de detenção com 10 minutos de antecedência e não fiquei muito impressionado por estar vazia, os que mereciam estar aqui quase nunca estavam. Sentei na primeira cadeira que vi á minha frente, coloquei o capuz da minha blusa e abaixei a cabeça, escondendo meu rosto por completo até que a porta rangeu, não podia ser o professor, eles costumavam chegar atrasado, (não que eu freqüentasse a detenção muito só foram duas ou três vezes nesse ano...) não deveria ter nem 5 minutos direito que entrei na sala, era fato que eu teria companhia. Ouvi passos irritados e alguma coisa ser jogada no chão, levantei a cabeça e olhei em volta, até que localizei o motivo de eu estar aqui, agora, Angeline.
Ela estava linda como sempre, mas com um toque de irritação em sua feição, ela estava encarando algo a sua frente quando virou o rosto e nossos olhares se encontraram. Seus olhos de um azul como o mar estavam enfrentando uma tempestade e eu queria de algum modo fazer parte dessa tempestade como ela tinha haver com a minha.
- Ah! Eu não acredito! Logo você! – Disse Angeline quando virei meu rosto.
- Acho que não queria estar aqui tanto quanto você, então se contente com a minha companhia poderia estar alguém muito pior aqui. – Esse nosso novo atrito só fez a tensão no ar ficar mais pesada. Ela estava sentada na ultima cadeira do outro lado da sala, bem longe de mim, eu queria saber o que ela estava pensando, como estava seu rosto depois da minha resposta, antes que eu caísse na tentação de virar o rosto o professor que ficaria hoje na detenção entrou.
- Olá! – Disse o professor de filosofia, Santiago, ele era insano. – As regras são o seguinte nada de falar, nada de ouvir musica, nada de gritar, espernear ou reclamar, reflitam sobre seus erros, vou estar na sala ao lado e estarei de olho. – Tradução disso tudo: Nada de gracinhas.
- Ótimo! – Falou Angeline depois que o professor saiu e eu me virei.
- Perdeu alguma coisa aqui? – Perguntou Angeline.
- Sim, você. – Essas palavras deixaram seu gosto amargo depois que as disse. Ela abaixou os olhos, um vermelho lindo ia se formando em suas bochechas. – Me desculpe esta bem? Não devia ter falado desse jeito aqui e naquele dia... – Deixei minha voz morrer, ela demorou a responder e quando respondeu não foi a melhor coisa que quis ouvir.
- Não. – Disse ela. – Não te desculpo.
- Por quê? – Falei perplexo.
 - Por que você é um idiota, mal-educado, sem coração, sem emoção...
- Como assim? Sem emoção e coração? – Cruzei a sala em alguns passos. – Você não sabe o que diz. Você sabe como é difícil te amar? Não conseguir tirar você da cabeça? Pensar em você por noites inteiras, dias... E parar aqui por sua culpa? Você só pensa em você? O que você tem na cabeça? Qual direito você tem de pensar isso sobre mim? – disparei perguntas e verdades e ela sem pensar, eu mal percebi que ela queria chorar.
- Eu não penso só em mim. – Disse ela. – Eu... Também penso em você, seu grande idiota! – Disse ela quebrando e deixando morrer a voz em meio à frase.
- Pensa o que? – perguntei.
- Isso pode soar... Bom, que eu amo você ou isso ou é loucura mesmo. E por um garoto tão...  – Sem pensar a puxei da cadeira envolvendo meus braços em sua cintura e em poucos segundos nossos lábios se encontraram, numa sintonia perfeita. E lá me perdi.
Certezas não vem tão cedo e nem tão tarde, elas vem na hora certa. E essa certeza que eu tinha agora era que, ela foi feita para mim e eu para ela, eu a amava.

~x~X~x~
Nota: Leitores, desculpem o atraso da postagem desse capitulo, imprevistos acontecem quando você menos espera. Agora começo de férias e todos querem descansar... E essas coisas de curtir as férias, vocês sabem. :)
As vezes as férias tem seu lado ruim... Bom, vou direto ao ponto, entraremos em recesso aqui no blog também, dia 24 de janeiro de 2011 voltaremos a postar os próximos capitulos, regularmente e faremos o máximo possivel que saia de dois em dois dias na semana, sem atrasos! Aproveitem suas férias, um feliz natal e um próspero ano novo, desejamos o melhor a todos para esse 2011! Que como sempre, nossos desejos se realizem e que ganhemos muitos presentes HAHA!

See ya minha gente! Alana, Bianca e Érika, xx.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Auréola Negra. Capitulo 3 - Ela me odeia!

Quando saí do quarto de Cayle me sentia estupidamente diferente. Não estava confortável naquelas roupas e sentia falta do meu cabelo, mas o pior era, eu ainda não havia me olhado no espelho.
- Geoge, você ta muito diferente! – falou Steven. – Se eu fosse gay te pegava.
- Deixa eu me olhar no espelho pra ver a droga que a Cayle fez? – Retruquei.
- Relaxa mano. – Disse Steven.
Chegamos ao corredor do nosso dormitório, corri até a porta e entrei no quarto, Steven vinha na minha cola.
- Calma, feche os olhos! – Disse Steven, vindo colocar as mãos nos meus olhos e se certificar de que eu fechasse. Fui mais rápido, antes dele colocar as mãos nos meus olhos já estava correndo de novo em direção ao banheiro.
- Deixa de boiolagem Steven! – Disse. Assim que parei de frente para o espelho me assustei com o que vi. Tentei reconhecer o cara bonito que refletia no espelho. Onde deveria estar minha imagem não a desse cara de capa de revista. O homem que na verdade era eu, meu reflexo, não era bonito, era lindo, olhos verdes, pele clara, dentes branco, cabelos tão negros que seu reflexo sobre a luz do banheiro parecia um azul... Seu corpo, forte e esguio, natural, realmente bonito.
Eu vestia uma simples camiseta preta, relativamente apertada, com uma jaqueta de couro também preta, estava com uma calça escura e tênis converse. Meu cabelo e suas mechas longas desapareceram, agora dava lugar a um moicano disfarçado.
- To falando! Se fosse gay já tinha te pegado! – Disse Steven interrompendo meu devaneio e perplexidade.
- Cala boca Steven, eu já entendi. Eu agora... Tenho certeza de como estou, “tudo isso” para você estar falando tamanha asneira. Agora pulando isso, sim realmente estou gostoso e fim. – Disse eu.
- Ta deixa de besteira cara, se ta todo bonitão aí, mas vê se não sobe muito pra cabeça essa gostosura toda, mantenha o seu cérebro funcionando. As garotas vão cair em cima de você! Mas agora, você tem que pensar em como falar com a Angeline, já tem ideia de como?
- Amanhã vou pedir desculpas por toda aquela cena do refeitório. – Disse ainda pensando em como falar e a ocasião perfeita.
- Bom começo, mas você tem que falar algo que mexa com ela tipo: “Oi, meu nome é Arlindo, mas só me chama de lindo, por que o ar você já me tirou.”. E ai gostou? – Perguntou Steven
- É bem capaz de ela falar que prefere ficar sem respirar a tirar meu ar. – E eu e George fomos dormir rindo como dois imbecis.
Na manhã seguinte não estava me sentindo com tanta vontade de rir como a noite anterior, estava mais nervoso do que nunca. Queria ver ela logo, então sai mais cedo do meu quarto e fui para a aula de história, fui o primeiro a chegar, ganhei muitos olhares e cochichos de quem quer que entrasse na sala, isso principalmente das meninas. Observei a sala ir se enchendo aos poucos e tentei pensar com mais coerência. Até que percebi uma menina ou parecida com isso vindo na minha direção.
- Ei, você é um gatinho. – Disse a garota estranha. Olhei-a com mais precisão, sua voz era rouca, ela era ele. – Então, você é novo aqui? – Perguntou ele, ela, SEI LÁ! – Oi? Alguém ai? – Disse ele/ela/sei lá, alto, magro e ruivo com uma maquiagem de dar medo, mas ao mesmo tempo engraçada.
- Sim, infelizmente. – Murmurei à meia-voz.
- Oque? – Perguntou, ela/ele/sei lá.
- Nada. – Disse.
- Então... Você é novo por aqui? – Perguntou ela/ele/sei lá de novo.
- Não, por quê?
- Minha amiga Cayle disse que você era novo. – Eu iria dar um belo chute naquela loira burra da Cayle.
- Você deveria ter amigas melhores do que aquele ser de outro planeta, ela é burra demais para absorver uma informação correta e a propósito seja lá o que ela falou de mim não acredite e eu também não jogo no mesmo time que você. Desculpe-me.
Ela me olhou, ou melhor, verificou-me de cima a baixo e falou:
- Eu posso mudar sua opinião. – Disse ela/ele/sei lá presunçosamente e com um toque de malicia.
- Não, obrigada. Estou muito bem com minha opção. – Falei virando o rosto.
-Não diga isso. – Quando voltei o rosto de novo, ela/ele/sei lá estava a centímetros do meu.
- Eu já disse que não quero. Dá pra da um fora? POR FAVOR? – Disse indo com a cadeira para trás.
- Grosso. – Falou ela/ele/sei lá indo para seu lugar. Graças a Deus.
Alguns minutos depois a professora entrou na sala e a aula começou.
Dois tempos depois de história, o sinal para o intervalo bateu, entrei no refeitório e olhei em direção a mesa em que ela sentava no ultimo dia que a vi, mas ela não estava lá. Passei meus olhos pelo refeitório e encontrei-a sentada na mesa mais olhada daquele refeitório.
Ela estava sentada na mesa dos populares. Segui em frente, peguei minha comida e fiz meu caminho normal para a mesa onde costumava sentar sem ninguém fazer piadinhas da minha queda, acho que ninguém me reconheceu, ainda, em vez disso recebia elogios, cantadas, olhares descarados e isso é realmente bem divertido.
Enquanto comia, maquinava um plano para a “emboscada de Angeline.”. O intervalo passou indistinto até que o sinal bateu, levantei observando a mesa dos populares, um a um eles iam se levantando, primeiro Caroline, uma loira morango, líder de torcida do internato que veio parar aqui por roubar bolsas em lojas caras, tantas passagens pela policia... Mas lhe deram desconto por ela ter algum tipo de distúrbio, ela não era uma das melhores, mas era bonitinha. Ela passou por mim me avaliando, bizarro. Logo suas outras amigas a seguiram, Brígida, Marie e Felipa. Só sei o nome delas por que seus escândalos são os principais assuntos do internato. Voltei a olhar a mesa, Angeline estava em volta de uma roda dos garotos populares, eles provavelmente dando atenção devida a “carne fresca”, claro. Esperei até eles saírem, e eu provavelmente chegaria atrasado a aula de literatura, sai andando e parei na porta, ela vinha andando, e ali saiu um plano de ultima hora, uma pequena trombada acidental. E saiu perfeitamente como planejado. Suas coisas caíram no chão. Nos abaixamos ao mesmo tempo para pegar suas coisas, peguei ela me olhando e retribui seu olhar, nos levantamos e tomei coragem.
- Oi. – Disse.
- Você deveria olhar para onde anda. – Disse ela e por essa eu não esperava.
- Acho que... – Antes mesmo de eu terminar ela já ia se virando, puxei-a pelo braço e continuei. – Sou educado com quem é educado comigo e nesse caso, você não foi nenhum pouco, então educação para você é um caso perdido. Eu só queria te pedir desculpas por aquele dia e acho que hoje também, mas parece que você não tem educação o bastante para entender um pedido de desculpas. – Disse eu percebendo o duplo sentido das minhas palavras, ela poderia tanto entender que a chamei de mal educada como também de burra. Agora já foi. Soltei seu braço e olhei em seus olhos, azuis como o céu.
- Não sou estranha o bastante para falar a sua língua, com – pre - en-de? – Disse ela dando ênfase a ultima palavra e me deixando sem reação. – Acho que não, seres anormais como você não compreendem. – E lá se foi ela andando pelo corredor.
Fiquei tentando entender por que ela já me odiava. Agora tenho outro dilema, sou um idiota apaixonado que não tem respostas sarcásticas, rápidas e plausíveis de se falar. Que tipo de roubada é essa que me meti? Pena que as respostas não chegam tão rápidas quanto sedex.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Auréola Negra. Capitulo 2 – Mudanças.

Pergunto-me todas as noites, qual o motivo desses sonhos apavorantes. Não era nada relacionado com a morte da minha mãe ou com o abandono do meu pai, simplesmente sonhava com uma linda mulher ruiva, que no meu sonho vagava pelo mundo e matava sem piedade (penso isso pelo oque podia ver). Nunca entendi esse sonho, mas agora não poderia pensar na ultima noite em que acordei gritando, tinha que estar calmo para falar com Angeline, que já estava no refeitório e estava á alguns metros da minha mesa. Me levantei e fiz a primeira tentativa de ir para sua mesa onde ela estava sozinha mas eu estava tão nervoso que decidi mudar meu caminho e fui pegar uma bandeja de comida da escola, (que não era lá muito boa...) tomei coragem  e caminhei até sua mesa. Olhei-a de cima a baixo ou tentei olha-lá já que á mesa atrapalhava. Ela estava em uma calça escura e uma blusa branca, os cabelo em um rabo-de-cavalo desleixado, mesmo assim ela continuava linda.
- Oi – falei admirando-a.
Ela levantou o rosto com uma expressão mais ou menos de quem se perguntava: “O que esse idiota ta olhando?”. Sem ao menos perceber já estava a centímetros dela, agora veja o resultado dessa minha bela ação, além de ficar parecendo um idiota, ( o que realmente a expressão dela não negava...) eu cai.

                                   ~ - ~ - ~ - ~ - ~

O legal de quando você acha que as coisas não podem ficar piores, elas ficam. Ser zoado pela escola inteira, com outras coisas tudo bem, mas agora por uma garota? Sai naquela tarde do refeitório ao meio de gritos realmente estúpidos de todos os tipos que você conseguir imaginar, além disso, consegui fazer um talho na minha mão esquerda. Que ótimo. A minha vida é ótima, acaba de ficar melhor ainda. Olá sarcasmo.
Estava no banheiro, com a torneira aberta no máximo, tentando estancar o sangue, quando Steven chegou.
- George?! George?! Se ta ai cara?
- Aqui. – Gritei.
- O que aconteceu com você no refeitório? – Disse Steven me encarando furiosamente. – Cara! Ta todo mundo falando da sua queda de louco. O que foi aquilo?
- Eu ia falar com Angeline, só que não deu muito certo, eu fiquei nervoso e... – Deixei minha voz morrer.
- E caiu no chão. – completou ele.
- Parabéns, você acertou. – Falei seco, desviando o olhar de Steven e repassando a cena da queda na minha mente, tentando ver de outro ângulo, para tentar me sentir melhor ou pior. Tanto faz. Eu sou um idiota e nada mais. Talvez até mais que isso.
Levantei o olhar para Steven que estava encostado na porta olhando para minha mão.
- George... – Chamou ele. – vai com calma. Ela não é qualquer uma.
- Sim, claro. Mas por que você está falando isso pra mim? Como sabe como ela é?
- Eu conversei com ela ontem. Angeline é colega de quarto de Cayle agora.
- Meu deus! Eu sou um idiota! – Olhei para cima para ter a sorte de um raio ou um milagre cair sobre minha cabeça.
- Olha, se você quiser eu posso te ajudar a conquistar ela... – Olhei para ele com os olhos molhados, já querendo chorar.
- Como? Aposto que Cayle já deve ter feito a minha caveira para ela. – disse, fechando a torneira.
- Falando bem de você... Bom... Refazendo sua caveira?! Mas primeiro seu estilo, sua aparência tem que melhorar, um pouco.
- O que tem meu estilo? – Perguntei olhando minha roupa e rosto no espelho á minha frente.
- Cara, você anda horrível e seu cabelo ta uma droga.
- O que?! Meu cabelo? – Olhei novamente no espelho, olhando meu cabelo liso caído sobre meus ombros e quase cobrindo meus olhos verdes, que agora estavam perdidos sobre meu reflexo. – Não sou tão bonito, mas nasci assim, não tem como reclamar do que Deus me deu.
- Você quer ficar com ela? – Perguntou Steven seguramente.
- Sim, mas...
- Então fique a altura dela! – Disse Steven me cortando e me puxou para fora do quarto. – Primeiro vamos à enfermaria, sua mão ta sangrando muito. Depois, vamos repaginar você.
- Esse “vamos” inclui mais alguém? – Perguntei já sabendo a resposta.
- Sim, Cayle. – Quem mais além daquele ser de outro planeta?

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Assim que eu e Steven saímos da enfermaria, fomos direto para o quarto de Cayle, e Steven me garantiu que Angeline não estaria lá.
- Oi amor! – Falou Cayle assim que abriu a porta – Eca! – Exclamou ela quando me viu.
- Oi pra você também, Cayle! – disse eu dando-lhe um sorriso de escárnio.
- O que isso esta fazendo aqui? – Perguntou ela olhando para Steven e apontando para mim.
- Olha, - Disse. – Eu lhe garanto que eu não queria estar no seu ninho de cobra. Mas não tenho escolha. – Entrei e me joguei no sofá.
- Steven? – Disse Cayle como se fosse explodir em questão de segundos (e como queria que ela explodisse, claro, depois que me ajudasse). Continou ela estridente – POR FAVOR! Tira esse PORCO daqui e leva pro chiqueiro!
- Querida, preciso da sua ajuda. – Falou Steven. – Eu e ele precisamos da sua ajuda, precisamos que você mude o visual dele.
- Essa coisa não tem mais jeito, tem que morrer e nascer de novo. – Disse Cayle.
- Olha eu ainda estou aqui. – Falei. – E me sinto ofendido.
- Mas ninguém te chamou aqui, por tanto cala a boca. – Disse Cayle me fulminando com o olhar.
- Steven, me segura que eu vou matar essa coisa de outro planeta não identificado que você chama de namorada. – Falei, me levantando.
- Calma ai! – Disse Steven. – Cayle, por favor! Colabora! E você também George.
- E o que eu ganho ajudando iss... O George? – Disse Cayle piscando com alegria para Steven.
- Que tal aquele vestido de seda que você queria para usar no baile?
- Perfeito. – Falou ela se virando e me lançado seu olhar de megera-loira-maligna e voltou a sua expressão de nojo de sempre.
- Hmmmm... Por onde começar? – Falou ela – Acho que pela roupa... – Continuou ela tagarelando, mas não prestei muita atenção, apronfundei-me nos meus próprios dilemas por que, primeiro: ouvir Cayle falar me dava nos nervos. Segundo: Sofreria nas mãos delas.

sábado, 27 de novembro de 2010

D’Angelos – Auréola Negra. Capitulo 1 – Encontros.

- George? George?
Não me lembro do meu ultimo sonho, mas tenho certeza que era assustador e tenho certeza, também, que não foi a primeira vez que tinha aquele pesadelo.
- George? GEORGE?
Ouvi meu nome ser gritado, no fundo de minha mente ele ecoava.
Depois de alguns minutos, percebi que a voz irritante era da minha professora. Como não percebi? Ela me cutucava.
- George? Você está bem? – minha professora de matemática era realmente chata, ela vivia preocupada comigo. Hoje era a terceira vez que ela me fazia essa pergunta. – Você esta cansado? – ela me olhava com verdadeira preocupação – Seus olhos através de seus óculos arredondados tentavam ver até minha alma, isso me assustava.
- Não. Por que acha isso? – devolvi, sem relutância.
- Você está dormindo na minha aula? - E pior que era verdade. Eu estava cansado da ultima noite, não dormi o suficiente, para um garoto de 16 anos com 1,75 de altura. – O que fez na noite passada? – Ela perguntou. – Nada. - Pensei. Só não dormi a noite passada por causa da porcaria do sonho que tenho desde que minha mãe morreu. - Só não dormi bem! – Até parece. Eu não dormi.
- Então durma! Faça a lição da lousa. E pode voltar a dormir. -
Ela se virou, sua saia rodada foi junto. Olhei em volta a sala me encarava, depois a professora Meretrice chamou a atenção de todos para voltarem fazer a suas lições.
A lousa, onde não tinha nada quando entrei na sala, agora estava cheia. Assim que o sinal bateu eu terminará de copiar a lição.
Guardei o material e desci para o intervalo, o refeitório estava cheio. As mesas redondas eram distribuídas pelo grande salão, procurei á ultima mesa, no fundo. Quando me sentei varias mesas e cadeiras se afastaram de mim. Calma. Não perca o controle. Repeti para mim mesmo. Respirando fundo para não pegar uma cadeira e matar todos em minha volta. Mas acho que isso é culpa minha, antes da minha mãe morrer, eu batia até nos cachorros da rua. Agora estou com uma porcaria de um rastreador no meu tornozelo. Se eu tentar fugir dessa escola para loucos, sou preso.
Legal.
Olhei em volta, tirando meus cabelos do rosto, procurei pelo meu melhor amigo, Steven. Mas não o vi. Voltei meu olhar para minha bolsa e procurei meu lanche, um sanduíche, suco e maça. Tomei um gole de suco e olhei para frente, arregalei os olhos assustado, Steven estava todo encharcado com papel higiênico por todo corpo.
- Se você der risada... – Disse ele já próximo.
-RÁRÁRÁRÁRÁRÁ. Desculpe-me... Mas o que aconteceu?
- Eu apostei. E perdi.
- Eu já te falei sobre isso, né? – Steven era um cara legal, mas tinha um pequeno defeito. Adorava apostar.
- Mas como um cavalo que ganha seis seguidas pode perder logo quando eu aposto?
- Azar no jogo, sorte no amor. – Cayle, namorada de Steven andava em direção a mesa.
- Oi amor – um beijo – O que aconteceu? – Cayle era muito bonita, olhos claros, cabelos longos e louros, magra, alta. Mas também muito burra. Ela só percebeu que Steven estava molhado depois do beijo.
- Ah... Oi George. – Falou ela melancolicamente, me olhando com cara de nojo, e nem era eu que estava molhado e com papel higiênico.
- Oi. – Falei, mostrando-lhe a língua. Ela se virou e se sentou no colo de Steven.
- Eu estava com saudades amor. – Disse ela o beijando com toda vontade. Não gostava de olhar para eles dois quando estavam se “pegando”. Então me virei peguei minhas coisas e sai de fininho para minha próxima aula...

                                             -*~*~*-

Depois do término das aulas fui direto para o meu quarto. Duas camas, ( a outra era de Steven, meu colega de quarto além de melhor amigo...) cômodas e a escrivaninha, se apertavam no quarto. Joguei meu material no canto e procurei o CD com minhas musica preferidas. Quando achei coloquei no som e me joguei em minha cama e me concentrei em meus pensamentos... Lembrei-me da minha mãe, alta, cabelos longos e claros, olhos de um verde... Ela era linda. Pensei no ultimo momento em que á vi feliz, seu sorriso calmo e me senti relaxado. Fechei meus olhos e tentei fixar a imagem dela em minha mente. Mas não durou muito tempo essa minha paz, um idiota batia na porta. Levantei e abri.
- Oi? – Falou uma voz delicada e suave. – Pode me ajudar? Estou... Meio perdida.
- Olha, eu não tenho tempo... – Olhei para o rosto desconhecido da linda garota a minha frente e perdi a fala. Ela era incrivelmente linda. Sua pele branca, grandes olhos azuis, cabelos longos e negros, que se espalhavam perfeitamente bem em seu rosto que tinha um sorriso de tirar o fôlego. E não era só seu rosto que era lindo, seu corpo era tão perfeito quanto, ela não era magra como um esqueleto como a maioria das garotas daqui do internato Maria Louis, ela era cheia de curvas. A palavra perfeita era pouco para ela. - Hmm... Me desculpe, pode repetir eu não á ouvi o som esta alto – Gritei e corri para desligar o som.
- Me chamo Angeline Mcfillan, e sou nova aqui... Pode me ajudar?
- Cla-claro... – Gaguejei como um idiota. Eu não era bom em conversa com mulheres. – Do que precisa?
- Só preciso saber onde fica a secretária.
- Ah sim, venha comigo, te levo lá. – Andamos pelo corredor barulhento em um silêncio, até que decidi irrompê-lo.  
- Como veio parar aqui? – Perguntei e continuei. – Por que... Bem , você sabe aqui é o dormitório dos meninos.
- Bem, eu descobri isso logo na entrada quando vi alguns garotos de toalha... Um garoto com uma menina loira me falou para vir aqui e falar com um garoto do quarto 15. Alias, qual é seu nome?
- George Millan. É acho que me achou. – Ótimo, dei uma de idiota agora, bem típico de mim.
- É, achei. – Disse ela me olhando com um tom de interrogação.
Chegamos a secretaria.
- Bem, te deixo aqui. – Falei, dando um sorriso assustador.
- Verdade. Então, tchau. – Ela se virou e seu lindo cabelo preto se foi junto. – Até alguma hora. – E lá se foi ela.
Andei pelo corredor, apressado, quase correndo para agradecer ao Steven por me mandar aquela garota, maravilhosamente linda, e sexy, para o nosso quarto. Quando cheguei, gritei:
- Steven! Onde você ta cara?
- No banheiro. – Gritou ele de volta. Corri para o banheiro, onde o encontrei pelado, tomando banho.
- Ah, cara! Que nojo! – Falei me virando.
- Que? Você não é homem não? Bem que eu desconfiava!
- Vai á merda. – Falei. Às vezes Steven me falava coisas que me deixava apavorado. – Cara, que presente foi aquele? – perguntei.
- Do que você esta falando? – disse ele. Ouvi o chuveiro ser desligado.
- Aquela menina nova, que você mandou para cá...
- Ahh, sei, á gostosa nova? – Perguntou de volta.
- Obviamente. – Retorqui azedo.
- Não me agradeça. Agradeça a Cayle ela que mandou a coitada pra cá.
- Por quê? – Perguntei já sabendo a resposta.
- Bem, eu fiz a ela mesma pergunta. Ela respondeu que queria você longe da gente e tava tentando te arrumar uma namorada, e pelo seu histórico ela considerou a garota nova perfeita para o seu caso. Como é o nome dela mesmo? – O português de Steven não era dos melhores...
- Angeline Mcfillan. – Disse eu em um tom meio que de adoração.
- Bem hoje não temos mais aula e já esta de noite. Então vou pro quarto da Cayle. – Ele saiu do banheiro e foi direto para a porta.
Fiquei parado no meio do quarto perdido em pensamentos, pensando na hipótese de Cayle e era verdade eu não sou muito de sair pegando todas. Minha lista de beijos era medíocre, 5 garotas e eu me envergonhava um pouco disso. Pensei durante um tempo e decido falar com Angeline amanhã no intervalo. Me mexi lentamente, ainda imerso, tomei banho rapidamente e me joguei na cama, caindo no sono e tendo o meu pesadelo de todas as noites...